segunda-feira, 7 de julho de 2014

O DEPRIMIDO PRANTO OCULTO DO ÚLTIMO VEGETARIANO MELANCÓLICO


Então aproveitei o fato de estar na cozinha cortando cebola, para assim poder chorar de verdade. 
Quem via os meus olhos molhados pensava que fosse pela cebola picada em cubinhos, no entanto, era o meu coração que doía. 
Mas ninguém sabe.
Eu chorei de verdade durante todo o preparo da salada e ninguém percebeu isso.
Que bom, senão me encheriam de perguntas de comiseração, e eu não queria conversar com ninguém naquele momento, eu só queria terminar de cortar a cebola para poder ir cortar os tomates e os pepinos também.
Enfim, enxuguei o meu rosto com um guardanapo de papel e temperei a salada com vinagre e sal. Coloquei um pouquinho de limão e ficou uma delícia. Acho que foi a salada mais gostosa e a mais triste que fiz na minha vida.
Uma boa salada com tomates, pepinos, pimentões, e com cebola, para a qual eu havia aberto a minha vida.
Todavia não comi, eu não quis jantar naquela noite, não tinha apetite.
Então deixei que todos seguissem para a mesa arrastando suas cadeiras e trocando conversas engraçadas entre si, e fui discretamente para a sacada olhar a noite quente sem vento, sem nuvens e sem lua.
E lá fiquei com os pés descalços tomando uma fresca e esperando que o astro lunar ainda fosse aparecer no céu.
Discorri mentalmente e me pus a pensar na variante de alegrias e tristezas que vêm e vão como as ondas na praia.
As ondas do mar nunca respeitam a ordem das coisas, são aleatórias e arrebentam os castelos na areia da praia.
Contudo, semelhante à criança obstinada, continuamos a construir castelo de areia na beira do mar, ignorando o efêmero.
Depois de pensar nisso, me deu fome, então resolvi ir jantar, calcei de novo as sandálias e fui para a cozinha fazer outra salada igual aquela, com bastante cebola.

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