segunda-feira, 12 de julho de 2010

POUCO IMPORTA AS PIPOCAS


Bateu o sinal e é intervalo, é hora de descançar a melancolia da rotina do conhecimento. O professor já abriu a sua marmita e os alunos abriram também, estão comendo agora, tranquilos.

Enquanto isso, o pipoqueiro triste, chora lá no canto da sala por não estar vendendo nenhum doce para a sobremesa.
A porta está aberta, e lá no corredor passa gente a todo instante, gente conversando, gente sorrindo, gente alegre e bonita.
O professor, no auge de suas garfadas de comida, indagou ao pipoqueiro:

-Por que ficas aí cabisbaixo, Pipoqueiro? Por que não vais vender suas pipocas no corredor alegre com tanta gente bonita?

- Ah professor! É mesmo um corredor iluminado com todas aquelas lâmpadas acesas e paredes tão bem pintadas, próspero corredor... Bem que eu queria estar lá também, professor, mas lá eu me sentiria como os peixes infelizes fora do oceano que se batem na crosta seca e empoeirada da terra. Já aqui, com vocês, com essa diminuta luz suficiente para ver o necessário, choro apenas por não ter doce para vender.

Depois que acabaram de comer, um aluno do fundão se levantou, e no lugar de uma piada nojenta, contou uma história triste, logo em seguida ficaram em silêncio, esperando bater novamente o sinal para a próxima aula.

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